Manual de Sobrevivencia para viver em Londres

Friday, April 29, 2005

Acto III – A Chegada (parte 1)

O voo de Portugal para Londres demora, em média cerca de duas horas, dependendo do aeroporto de partida (Lisboa, Porto ou Faro) e de chegada (Heathrow, Gatwick ou Stansted).
Após a chegada e recolhida a bagagem, é altura de iniciar a nossa viagem rumo a uma nova vida.

Convém deixar aqui um outro parêntese, respeitante a quem chega através do aeroporto de Heathrow. Não sei como se passa nos outros dois aeroportos, mas no caso de não aparecer a mala na passadeira, posso deixar aqui algumas dicas de como fazer, uma vez que já me aconteceu semelhante situação. Em Heathrow, a descarga de bagagem da TAP é efectuada pela Alitalia, uma vez que a nossa companhia não tem representação nesse domínio. No caso da nossa mala não aparecer, devemos ir imediatamente ao balcão de reclamações de bagagem da Alitalia, situado logo ao lado das passadeiras das malas, mostrar o bilhete de avião com o código da mala perdida e preencher um formulário com os nossos dados pessoais e morada onde vamos residir em Londres. O número do nosso telemóvel português é absolutamente necessário, para que estejamos contactáveis quando a nossa mala for encontrada.
Para quem viaja em outras companhias, presumo que a maneira de lidar com a situação seja exactamente a mesma.

Com a mala na mão, é altura de prosseguir viagem para o nosso destino: a casa que alugámos. Se estamos em Heathrow, seguimos o caminho para o metropolitano e compramos no guichet o bilhete para a estação mais próxima da nossa futura casa. Não interessa que mudemos trinta vezes de linha de metro, o bilhete usado nessa viagem é sempre o mesmo, porque nunca iremos ultrapassar as barreiras de saída da estação até chegarmos ao nosso destino. Para quem está nos outros dois aeroportos, temos de comprar primeiro o bilhete de comboio para o centro de Londres e, depois de chegados à estação, seguir o caminho para o metropolitano e fazer exactamente o mesmo que disse antes.

Um aviso de antemão: os transportes em Londres são muito caros, pelo que é aconselhável não fazer gastos desnecessários.
Se a casa não fica na proximidade de nenhuma estação de metro, será necessário apanhar um ou mais autocarros para chegar a ela. Como avisei no Acto II, é aconselhável uma visita ao site www.tfl.gov.uk para termos logo uma ideia de quantos e quais transportes apanhar até chegar ao nosso destino. Uma viagem de autocarro custa 1,20 libras, quer seja por uma paragem ou quarenta. Se a viagem até casa implicar três mudanças de autocarro, é preferível adquirir o “bus pass”, o bilhete de dia do autocarro, que custa 3 libras.

Efectuada a viagem até casa, é altura de pousar a mala e descansar.

Nota: presume-se neste blog que a primeira morada que uma pessoa vai ter em Londres será ou em casa de um amigo ou num quarto numa casa partilhada. Isto porque para alugar ou comprar uma casa sem se estar efectivamente em Londres é virtualmente impossível.

Wednesday, April 27, 2005

cont.....

Vamos parar um pouco e fazer o ponto da situação.

Decidimos ir viver para Londres, informámo-nos das melhores zonas onde viver, temos onde ficar quando chegarmos, a mala está pensada… que falta? Faltam os preparativos legais da viagem. Apesar da Grã-Bretanha ser da União Europeia, e somente ser preciso ter o Bilhete de Identidade para entrar no país, as autoridades olham com desconfiança para aquele bocado de cartão amarelo plastificado, com a nossa fotografia e um borrão negro do lado direito, supostamente a nossa impressão digital. Por isso é aconselhável tirar o passaporte em Portugal. Além do mais, se não tivermos passaporte, e caso queiramos aproveitar os voos baratos para os mais diferentes locais do mundo que há aqui em Londres, ter de o tirar no Consulado Português é pior do que tentar apanhar o comboio em hora de ponta. Por razões que desconheço, o Consulado de Portugal em Londres, situado em 3, Portland Place W1B 1HR, funciona apenas entre as 8h30 e as 13h de segunda a sexta, excepto às quartas, onde só funciona mediante marcação de entrevista. Logo, através de relatos de quem precisou de o utilizar, é uma enorme perda de tempo.

Também é essencial levarmos o nosso telemóvel português com o serviço de roaming activado e bastantes euros no cartão, pois nos primeiros dias esse será o nosso meio de comunicação para o exterior.

Outra pesquisa fundamental: obter uma impressão da rede de metropolitano de Londres. Isso pode ser obtido em www.tfl.gov.uk. Também é aconselhável, caso a futura casa não seja acessível por metropolitano, saber qual ou quais os autocarros a apanhar para chegar até ela. O mesmo site fornece todas essas informações, através do Journey Planner.

Quanto ao bilhete de avião, isso deixo ao critério de cada um, porque depende muito. Contudo, deixo aqui algumas indicações úteis para quem viaja para Londres: existem três aeroportos que recebem voos provenientes de Portugal, Heathrow, Gatwick e Stansted. Cada um deles tem vantagens e condicionantes, que passo a relatar.

Heathrow Airport – trata-se do maior aeroporto da Europa, com mais tráfego aéreo do que qualquer outro. Localiza-se a Oeste de Londres, aproximadamente a 25km do centro e é servido pela Piccadilly Line do metropolitano, ficando na zona 6 da rede. Leva cerca de 60 minutos até à estação de Piccadilly, sendo muito complicado sair com malas durante a hora de ponta.

Gatwick Airport – localizado no condado de Surrey, está a 50km a sul de Londres. Para chegar ao centro, existe um comboio rápido, chamado Gatwick Express, que demora 30 minutos até Victoria. Partem 4 comboios por hora. Existe a hipótese mais barata do autocarro nº 777, também para Victoria, mas este demora em média 75 minutos.

Stansted Airport – muito em voga hoje em dia, com os voos mais baratos oriundos de Portugal. Localiza-se a 60km norte de Londres, no condado de Essex. Está ligado à capital pelo Stansted Express, comboio rápido que parte da estação de Liverpool Street a cada 15 minutos.

Com tudo tratado e malas feitas, falta apenas esperar ansiosamente o dia de embarque para a “terra prometida”.

Friday, April 22, 2005

Cont...

Depois deste grande desvio à rota deste blog, voltamos a centrar a nossa atenção no que realmente interessa: escolher onde residir em Londres.
Já passámos a fase de ver qual a melhor zona, ler relatos na net, falar com amigos que vivem por cá ou que conhecem a cidade. Agora vamos escolher como queremos viver.
Já falei acima das diversas maneiras de habitar em Londres, por isso irei passar por cima disso e ir directamente ao que interessa: é preferível alugar do que partilhar!
Não quero que pensem que digo isto porque estou cheio de dinheiro ou que vejo com desagrado a ideia de partilhar o meu espaço com desconhecidos. Não é nada disso. Simplesmente, feitas bem as contas, é mais vantajoso alugar uma casa do que partilhar um quarto. Infelizmente, não disse que era bem mais fácil! Mas vamos por partes: dependendo da zona escolhida, um quarto pode ficar entre 90 a 150 libras por semana, ou seja, 390 a 650 por mês. Alugar uma casa com um quarto não deverá ultrapassar as 600 libras por mês. Isto com a vantagem da privacidade, conforto e segurança. Mas qualquer que seja a decisão, há maneiras de ver qual delas é preferível: o jornal Loot tem um site com centenas de anúncios de quartos e casas para alugar (www.loot.com). Além disso, caso se decida alugar uma casa, basta fazer uma pesquisa rápida às imobiliárias da zona onde decidimos viver e verificar as ofertas que por lá aparecem.
Tendo uma ideia do que querem, planeiem atempadamente o passo a seguir mal desembarquem em Londres. Sabendo a data de chegada, e caso não tenham ninguém na cidade para vos dar guarida nos primeiros dias, entrem em contacto com os anunciantes e combinem o aluguer antecipadamente. Nunca cheguem a Londres sem ter lugar onde ficar, nem decidam ficar numa pensão ou hotel barato enquanto procuram!!! Quando derem por isso, o preço que pagaram dava para ter vivido o triplo do tempo num quarto em casa partilhada.

Um outro conselho, que não segui e me custou na pele: viajem sem grandes pesos. Não vale a pena encher a mala com tudo o que há lá por casa porque depois temos de a carregar pela cidade. Dependendo da época do ano em que chegam a Londres — e lembrem-se que mesmo no Verão, as noites são frias — coloquem apenas o essencial, duas ou três mudas de roupa, uns ténis e uns sapatos, uma roupa mais formal (depois vão perceber porquê!), artigos de higiene pessoal, pouco mais. Eu caí no erro de trazer uma mala gigante cheia de roupa (era Inverno e achei que precisava dela toda) e ela, a mala obviamente, foi-se desfazendo pelo caminho. Lembrem-se que 90% das estações de metropolitano e de comboio não estão preparadas para deficientes (um erro num país civilizado como este!!!) e que é preciso negociar muitas escadas para mudar de linha para linha.

Para viver em Londres é absolutamente essencial ter um pé de meia confortável em Portugal. Para além disso, convém trazer uma boa dose de libras para os gastos mais imediatos. Não há um número que se possa considerar razoável para trazer, depende da possibilidade de cada um. Eu decidi trazer mil libras comigo, o que acabou por ser bastante razoável, pois para duas pessoas durou cerca de mês e meio, incluindo uma semana num quarto em casa partilhada e o sinal para o aluguer de uma casa.

Thursday, April 21, 2005

Acto II – Os Preparativos

Já que decidi escrever este manual de sobrevivência para quem, tal como eu, decidiu trocar Portugal por Londres, não tinha cabimento deixar de ajudar os eventuais interessados em encontrar as melhores áreas para viver em Londres, baseada na minha análise prévia das diversas condicionantes que acima descrevi. Pessoalmente nunca estive interessado em residir no Norte de Londres. Não sei explicar porquê, mas sempre vi essa região como sendo muito industrial, feia, marcada por diversos problemas de criminalidade que me fizeram sempre desconfiar. Alem disso, quando comparada com o mesmo tipo de distância e habitação no Sul, os preços são mais caros. Logo, nunca me atraiu saber mais sobre borroughs como Harrow, Wembley, Hackney ou Islington, que sabia serem baratos, mas nunca foram opção para mim. O mesmo se passou com a área designada por East London, que inclui os burroughs de West Ham, East Ham, Stratford ou Leyton. Não é que os conhecesse bem, o que nem era o caso, mas através de conversas e informações que fui adquirindo, acabaram por nunca entrarem na equação. Além disso, acaba por ser uma zona bastante mal servida de transportes para o centro, com uma District Line do metropolitano muito lenta e quase nenhum autocarro directo para o centro — Por razões do destino, acabei por passar o primeiro mês como residente em Londres exactamente em East London!!!
Dito isto, a minha pesquisa incidiu sempre mais no Sul de Londres. Primeiro no SE e mais tarde no SW. E desengane-se quem pensa que mudei de zona porque descobri que a segunda era melhor que a primeira — nada a ver! Mudei de zona por razões logísticas, porque precisava de ficar o mais perto possível da linha de comboio suburbano que liga Londres a Guildford, no condado de Surrey, sede de uma das melhores Universidades de Teatro do país, onde a minha namorada tenciona estudar.
Assim, e como uma mera ajuda — não substituindo a consulta de mais documentação —, aqui deixo aquelas que considero as melhores alternativas para quem quer viver em South London. O SE londrino tem bastantes problemas a nível social, com muitas áreas de council housing (o que chamamos construção camarária), destinada a uma faixa da população carenciada e que não tem orçamento para alugar uma casa própria. Mesmo assim, isso não quer dizer que hajam problemas graves de criminalidade. Contudo, é de evitar áreas como Woolwich, Brockley ou New Cross, onde a vida é bem mais dura do que zonas como Greenwich, Rotherhithe, Lewisham ou East Dulwich. Como é óbvio, estas zonas baseiam-se em informação díspar que fui adquirindo, mas devo dizer que morei uma semana em Deptford e em Thamesmead, e pelo que vi posso dizer que a minha escolha não anda muito longe da verdade.
Da mesma forma, no SW há zonas piores e melhores. Mas regra geral, o SW é bem mais calmo do que o SE, e muito mais bem servido de transportes, com a maravilhosa Northern line do metropolitano, rápida e eficiente para quem trabalha no centro de Londres. Se exceptuarmos as zonas de Brixton, Mitcham, Clapham e Stockwell, todas as restantes zonas são excelentes para viver. Claro que só consegue residir em Wimbledon ou Putney quem estiver disposto a gastar muitas centenas de libras por mês, mas cada um sabe do seu orçamento.
De referir que Stockwell é a área onde reside a maior parte da comunidade portuguesa de Londres. A grande maioria do comércio local é dirigido pela nossa diáspora, mas isso não é sinónimo de boas notícias. Infelizmente, Stockwell é sinónimo de mau ambiente, com relatos de toxicodependência e pequenos delitos.

Tuesday, April 19, 2005

cont........

O mercado habitacional em Londres tem diversas opções, consoante a bolsa de quem o procura: partilha (house share), aluguer de curta duração (short let), aluguer de longa duração (long let) ou compra (freehold ou leasehold). E para cada uma das opções, consoante a zona que se escolhe, há milhares de alternativas de preço e tipo de casa.
Partilhar uma casa significa, na grande maioria das vezes, viver juntamente com estudantes ou jovens trabalhadores de outras nacionalidades, cada um tendo direito ao seu quarto e todos usando a cozinha, a sala e uma ou duas casas de banho. É a hipótese mais económica para quem desembarca em Londres com alguma limitação monetária. Contudo, pode ser sinónimo de viver no céu ou no inferno. Tudo depende dos companheiros de habitação… como tudo na vida, a sorte é sempre necessária neste tipo de decisões. Dependendo da zona que se escolhe, também o preço de um quarto numa casa partilhada pode variar bastante.

Terceiro parênteses: em Inglaterra, regra geral, as rendas para casas partilhadas pagam-se à semana. Aliás, muitas das vezes até as casas alugadas têm o mesmo tipo de pagamento. É muito normal vermos anúncios de casas para alugar com preços em PCW (por semana) e por PCM (por mês). Mas desengane-se quem acha que de um para o outro basta multiplicar por quatro, não é bem assim. Para descobrir o preço mensal da casa que vamos alugar temos de multiplicar o preço por semana (PCW) pelas 52 semanas que existem num ano, dividindo depois por 12 meses.

Mas vamos voltar um pouco atrás, imaginando que ainda estamos em Portugal, decididos a vir viver para Londres. Depois de analisar alguns sites sobre quais as zonas mais calmas ou de melhores acessos, ficamos com três ou quatro (ou mais) hipóteses na manga. “E agora?”, perguntamos. Como reduzir para uma ou duas de entre estas, de forma a simplificar a nossa escolha? Aqui eu deixo um conselho, que se revelou muitíssimo útil: perder umas horas no website www.movethat.com.
Trata-se de um género de blog feito pelos moradores de cada um dos borroughs que compõem Londres, e onde é possível trocar opiniões, fazer perguntas, saber mais sobre cada uma das zonas. Tendo escolhido as áreas onde achamos interessante habitar, nada como entrar na página respeitante a cada uma delas, ler atentamente as mensagens que lá existem e, caso ainda subsistam dúvidas, deixar a nossa questão e o email, para ser respondida por um morador local. Devo dizer-vos que esse site foi fundamental para a minha escolha, pois permitiu-me descartar imediatamente uma ou duas zonas que erradamente considerava vantajosas, reduzindo de forma eficiente a minha área de procura de habitação.
Esse site tem também a vantagem de oferecer logo alguns anúncios de casas para partilhar ou alugar, pelo que é um óptimo pontapé de saída para formar uma opinião sobre onde queremos residir em Londres.

Outra importante forma de o fazer é pensar que familiares, conhecidos ou amigos temos a viver em Londres. Não há nada mais importante que conhecer alguém que habite aqui e que nos possa elucidar sobre os aspectos mais insignificantes. Além disso, pode ser que estejam receptivos a vos receber por uns dias na sua casa, poupando assim importantes trocados logo no início e funcionando como porta de entrada para um mundo estranho.
Contactar com tempo essas pessoas, dando-lhes a conhecer os nossos planos e as nossas dúvidas, é tempo ganho na procura de uma solução eficaz para os primeiros tempos.

Thursday, April 14, 2005

(cont...)

E aqui coloco o meu segundo parênteses: designa-se Greater London à área que fica no interior da auto-estrada M25, uma espécie de mega auto-estrada de circunvalação da cidade. Para o seu interior, estão os tais códigos postais que referi e que permitem aos moradores o “prestígio” de acrescentar ao seu código postal a palavra Londres. Na sua periferia encontramos outras regiões da Grã-Bretanha, que embora estejam coladas à Greater London, não são consideradas como fazendo parte de Londres. É o caso dos condados de Essex (NE), Kent (SE), Surrey (SW), Hertfordshire (N) e Buckinghamshire (NW). Apesar de estarem “fora” de Londres, a maioria destes condados (ou pelo menos algumas cidades na sua fronteira com a capital) são servidos pela linha de metropolitano e de autocarros londrinos, bem como de uma vasta linha de comboios suburbanos, que se estende por toda a Inglaterra como se de uma gigantesca teia de aranha se tratasse, tendo o epicentro em inúmeras estação ferroviárias na capital. Tal como em Portugal, viver na Amadora ou em Matosinhos poderá ser bem mais barato do que viver no mesmo tipo de habitação em plena Lisboa ou Porto. Em Londres passa-se exactamente o mesmo. Daí que, para quem decide vir para cá com pouco dinheiro disponível, uma zona periférica bem servida de transportes possa ser uma vantajosa solução.

Wednesday, April 13, 2005

Acto I – A Decisão (cont.)

Mas estávamos na questão de escolher onde e como morar em Londres. Um pouco há semelhança de Portugal, mas de forma muito mais simples e objectiva, Londres funciona por freguesias (“borroughs”) e por códigos postais identificadores. Mais concretamente, 32 borroughs e a City. Estes códigos postais são essenciais para quando, numa qualquer situação, perguntarem o código postal onde resides e, ao responderes por exemplo SW9, toda a gente fica a saber que moras em Brixton. Da mesma forma que, se respondes E1, imediatamente és habitante de Brick Lane.
De facto, há vários tipos de códigos postais em Londres, todos eles identificadores geográficos da zona onde resides: no centro de Londres tens os códigos WC e EC; a Este há E, SE e NE; para Oeste W, SW e NW; para Norte N, NE e NW; e para Sul S, SE e SW. É como reviver a rosa-dos-ventos e os pontos cardeais que aprendemos na escola preparatória em Geografia. Na realidade é mesmo assim. Se pegarem no mapa de Londres e desenharem a rosa-dos-ventos sobre ele, ficam mais ou menos com a percepção das primeiras letras do código postal de cada zona. O número que segue as letras é que é mais complicado de explicar. Por alguma razão que me escapa, não há lógica na atribuição dos números que correspondem às diferentes freguesias, podendo NW4 ser ao lado de NW5 mas também de NW12. O número identifica a zona mas a sua lógica é-me desconhecida.
Para além de identificar uma freguesia, o código postal identifica também o tipo de zona onde resides. Greenwich fica ao lado de Woolwich mas a semelhança fica mesmo pela localização geográfica… são completamente diferentes, quer a nível de qualidade de vida, transportes, população, etc…Daí o cuidado necessário em escolher a zona onde se pretende residir. Não basta dizer-se “vou viver em Londres”, chegar com a mala na mão e pensar que se arranja casa imediatamente, num sítio qualquer. Nada mais errado! Escolher a área onde se pretende fixar é mais importante do que encher a mala com o que queremos trazer connosco. Da minha experiência, passei algum tempo a procurar em websites informação que achei útil, quando decidi que vinha viver para Londres. Tipo de zona, distância ao centro, transportes disponíveis, comércio local… mas mais importante que tudo isso, tipo de casas e respectivo preço. E nesse aspecto, uma zona é como água para vinho em relação à zona vizinha. A minha primeira preocupação foi escolher uma zona calma, sem problemas graves de criminalidade. Londres é uma cidade violenta, tal como, penso eu, qualquer outra mega-metrópole mundial, e com problemas que se multiplicam pela sua multi-etnicidade, desemprego, pobreza, racismo, etc… Daí ter decidido escolher uma zona que me deixasse menos preocupado com a minha segurança pessoal. Depois, além de ser calma, deveria ter de ficar perto o suficiente do centro, onde provavelmente seria o meu local de trabalho, mas mesmo que não fosse, é onde tudo acontece.

Tuesday, April 12, 2005

Acto I – A Decisão

Londres é, na verdade, uma cidade simultaneamente encantadora e assustadora. Sempre são sete milhões e meio de habitantes estendidos em __ quilómetros quadrados de superfície, todas as nacionalidades mundiais representadas, uma língua universal, os maiores ex-libris da Europa reunidos num mesmo local, os monumentos mais visitados do Velho Continente agrupados em escassos quatro ou cinco quarteirões…
É tentador querer viver-se aqui. Mas onde? Como? Em que condições?Esta será talvez a primeira pergunta que passará pela cabeça de quem decidiu aventurar-se a deixar Portugal e embarcar na viagem de uma vida… ou talvez a segunda, sendo a primeira “Será que o meu inglês é suficiente?” — e aqui o primeiro parêntese: este manual destina-se a jovens portugueses que, presumo eu, decidem viver em Londres porque Portugal não apresenta suficiente estímulo para aí continuar. Jovens que, na melhor das hipóteses, procuram o primeiro emprego, rapazes e raparigas saídos do 12º Ano de escolaridade, pré-universitários que ou decidem que os estudos ficam por aí ou que preferem tentar entrar numa Universidade inglesa e continuar lá os seus estudos... ou então universitários sem perspectivas de futuro no país, sem emprego… ou homens e mulheres com emprego mas sem satisfação na sua carreira, que almejam algo melhor… em qualquer dos casos, pessoas com pelo menos o inglês básico que nos ensinam na escola secundária. É para esses que este blog foi construído. Peço desculpa aos que não estão englobados neste saco, mas definitivamente pensei neste manual para quem já tem umas luzes que seja sobre a língua inglesa. E para esses, essa primeira pergunta tem como resposta “sim, o inglês será suficiente!”. Claro que ajuda exercitar um bocado o nosso conhecimento uns meses antes de vir, desenferrujar o cérebro, pensar um pouco em inglês. Por isso não custa nada passar uns dias a ver as notícias na CNN ou no Sky News, canais disponíveis na TV Cabo, só para ambientar os nossos ouvidos ao que se vai passar mais tarde.

Monday, April 11, 2005

Intro...

Cansado de Portugal e das suas idiossincrasias? A pontualidade britânica fascina-te? Beber um copo num pub, ir ao teatro, andar em autocarros vermelhos de dois andares… são ideias que te atraem? Londres é um sonho de criança? O pote de ouro no fim do arco-íris? Decidiste deixar o teu país e ir viver para lá?

Então este blog é para ti… e é imperativo que o leias antes de tomar qualquer tipo de decisão que depois te venhas a arrepender.
Como é óbvio, este blog não pretende ser um guia exacto de como sobreviver numa metrópole gigantesca como é Londres, não tenho essa pretensão. Não tenho inclusive o sonho de ver estas singelas notas de escrita transformadas em blockbusters encadernados e usados por milhões de leitores em todos os cantos do mundo… deixo isso para os TimeOut, Fodor’s ou Let’s Go…
Este blog pretende apenas ser um alerta para quem, como eu, decidiu virar as costas a um presente pouco motivante e partiu em busca de um futuro mais risonho numa cidade que, desde que me lembro, me fascinou e me atraiu, e que começo agora a chamar um pouco minha.Tão pouco se trata de um diário da minha vida aqui; não tenho muito jeito (nem paciência, confesso!) para escrever o que foi o meu dia-a-dia, nem quero ser responsável por matar de tédio as dezenas (serão?) de leitores que poderão encontrar nestas linhas alguma espécie de resposta às suas dúvidas mais prementes, agora que se avizinha a data de dar o salto…